segunda-feira, 13 de abril de 2015

Ê.la: Travestismo, Transgênero e Identidade de Gênero – Um Estudo Interdisciplinar entre Moda e Teatro.

Projeto de Iniciação Científica - PIC UVA 2015.
Orientadora PhD. Jussilene Santana


O travestismo é um tema recorrente na história do Teatro, da Literatura e das Artes Visuais. Não são poucos os personagens de textos clássicos que ilustrariam essa temática. Numa rápida listagem: Orlando, de Virgínia Woolf; Albert Nobbs, de George Moore; Viagem Solitária, João Nery; Dorian Grey, de Oscar Wilde; Tootsie; Catarina da Rússia, Maria Quitéria, a Diadorim, de Grandes Sertões: Veredas, M. Butterfly, entre muitos outros.

Travestismo, por outro lado, é um assunto que cada vez mais tem ganhado notoriedade na cultura urbana e nas abordagens midiáticas. A barreira entre aquilo que define vestuário de homem e de mulher é cada vez mais tênue e as ditas “tendências” se misturam. Esse é um fenômeno social e cultural, pertencente à história, estendendo-se a várias culturas e civilizações. A presente pesquisa, portanto, pretende fazer uma reflexão acerca das motivações que tornam este tema uma referência nas mais variadas manifestações estilísticas, numa abordagem interdisciplinar a partir das diferentes contribuições dos estudos de Design de Moda e do Teatro.

Para iniciar tal enfoque, será necessário explicitar os conceitos de Travestismo, Transgênero e Identidade de Gênero. São muitas as abordagens e metodologias. A Teoria Queer é uma teoria sobre o gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de uma construção social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.

É preciso considerar, para o encaminhamento dessa pesquisa, a existência de um variado e dinâmico arsenal de conceitos, normas, injunções disciplinadoras e disposições de controle voltadas a estabelecer e a impor padrões e imposições normalizantes no que concerne a corpo, gênero, sexualidade e a tudo o que lhes diz respeito, direta ou indiretamente.

Quando a roupa adquire uma importância que transcende a mera necessidade de proteção do corpo, (ao ponto de se ter criado a “moda” como motor que gera tendências e envolve todos os indivíduos e se assume como um instrumento de comunicação visual), a seleção para o que se veste define-se, obviamente, a partir de fatores socioculturais, das suas vivências, da sua relação com meio, bem como o modo de expressar a sua forma de se estar.

A noção do descentramento do sujeito — ou seja, a ideia de que as faculdades intelectuais e espirituais do ser humano não são parte da sua herança biológica, embora se definam em condições biológicas, mas o resultado de uma multiplicidade de processos de socialização, através dos quais se constituem de maneira sumamente diferenciada as noções do eu, do mundo e das capacidades intelectuais para operar abstratamente com este — proporcionou o enquadramento para estudar não apenas os papéis sociais do homem ou da mulher, mas também o reconhecimento de que os indivíduos obtêm a sua condição "masculina" ou "feminina" como produtos histórico-sociais.

No presente assunto, a grande influência para a abordagem do descentramento do sujeito foi, sem dúvida, A História da Sexualidade, de Michel Foucault, na qual se tratam criticamente hipóteses muito extensas sobre os impulsos sexuais, como a distinção entre a suposta liberdade concedida ao desejo no estado natural e a opressão sexual exercida nas civilizações avançadas.
Por outra parte, os estudos literários — em especial os de Roland Barthes e Jacques Derrida e seus seguidores — exploraram extensamente as formas pelas quais uma determinada distribuição de tarefas, atributos e papéis dos sexos (performances sociais) se difunde através de textos que parecem apenas proporcionar uma descrição de fatos.


OBJETIVO
2.1 Geral: Pretende-se explorar o Travestismo como fenômeno de interesse duplo para a Moda e para o Teatro, interpelando a relação entre os conceitos “identidade de gênero” e o “papel social”. Será realizado, também, um levantamento panorâmico de casos constituintes do fenômeno ao longo da História e da Arte.

2.1 Específicos:
1.      Mapear personagens da história do Teatro que podem ser enquadrados no fenômeno Travestismo;
2.      Analisar esses episódios sob o viés da Indumentária.
3.      Formar os dois jovens pesquisadores com habilidades práticas em design e conhecimento de metodologia de pesquisa, promovendo a integração entre a teoria e a prática na formação dos pesquisadores;
4.       Investigar os diferentes conceitos teóricos do design não ortodoxo;
5.      Fomentar o processo de pesquisa entre alunos da instituição no grupo de pesquisa promovido pela Casa do Design/UVA/CNPq.
6.      Disponibilizar as principais conclusões da pesquisa a partir de eventos públicos, como mostras e exposições.
7.      Criar e manter um blog específico para a divulgação da pesquisa in process.






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