Projeto de Iniciação Científica - PIC UVA 2015.
Orientadora PhD. Jussilene Santana
O travestismo é um tema recorrente na história do
Teatro, da Literatura e das Artes Visuais. Não são poucos os personagens de
textos clássicos que ilustrariam essa temática. Numa rápida listagem: Orlando, de Virgínia Woolf; Albert Nobbs, de George Moore; Viagem Solitária, João Nery; Dorian Grey, de Oscar Wilde; Tootsie; Catarina da Rússia, Maria Quitéria, a Diadorim, de Grandes Sertões: Veredas, M. Butterfly,
entre muitos outros.
Travestismo, por outro lado, é um assunto que cada vez
mais tem ganhado notoriedade na cultura urbana e nas abordagens midiáticas. A
barreira entre aquilo que define vestuário de homem e de mulher é cada vez
mais tênue e as ditas “tendências” se misturam. Esse é um fenômeno social e
cultural, pertencente à história, estendendo-se a várias culturas e
civilizações. A presente pesquisa, portanto, pretende fazer uma reflexão
acerca das motivações que tornam este tema uma referência nas mais variadas
manifestações estilísticas, numa abordagem interdisciplinar a partir das
diferentes contribuições dos estudos de Design de Moda e do Teatro.
Para iniciar tal enfoque, será necessário explicitar os
conceitos de Travestismo, Transgênero e Identidade de Gênero. São muitas as
abordagens e metodologias. A Teoria Queer é uma teoria sobre o gênero que afirma que a orientação
sexual e a identidade
sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de uma construção social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza
humana, antes formas socialmente variáveis de
desempenhar um ou vários papéis sexuais.
É preciso considerar, para o encaminhamento dessa
pesquisa, a existência de um variado e dinâmico arsenal de conceitos, normas,
injunções disciplinadoras e disposições de controle voltadas a estabelecer e
a impor padrões e imposições normalizantes no que concerne a corpo, gênero,
sexualidade e a tudo o que lhes diz respeito, direta ou indiretamente.
Quando a roupa adquire uma importância que transcende a
mera necessidade de proteção do corpo, (ao ponto de se ter criado a “moda”
como motor que gera tendências e envolve todos os indivíduos e se assume como
um instrumento de comunicação visual), a seleção para o que se veste
define-se, obviamente, a partir de fatores socioculturais, das suas
vivências, da sua relação com meio, bem como o modo de expressar a sua forma
de se estar.
A noção do descentramento
do sujeito — ou seja, a ideia de que as faculdades intelectuais e espirituais
do ser humano não são parte da sua herança biológica, embora se definam em
condições biológicas, mas o resultado de uma multiplicidade de processos de
socialização, através dos quais se constituem de maneira sumamente
diferenciada as noções do eu, do mundo e das capacidades intelectuais para
operar abstratamente com este —
proporcionou o enquadramento para estudar não apenas os papéis sociais do homem ou da
mulher, mas também o reconhecimento de que os indivíduos obtêm a sua condição
"masculina" ou "feminina" como produtos
histórico-sociais.
No presente assunto, a
grande influência para a abordagem do descentramento do sujeito foi, sem
dúvida, A História da Sexualidade, de
Michel Foucault, na qual se tratam criticamente hipóteses muito extensas
sobre os impulsos sexuais, como a distinção entre a suposta liberdade concedida ao desejo no
estado natural e a opressão
sexual exercida nas civilizações
avançadas.
Por outra parte, os
estudos literários — em especial os de Roland Barthes e Jacques Derrida e seus seguidores — exploraram
extensamente as formas pelas quais uma determinada distribuição de tarefas,
atributos e papéis dos sexos (performances sociais) se difunde através de
textos que parecem apenas proporcionar uma descrição de fatos.
OBJETIVO
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segunda-feira, 13 de abril de 2015
Ê.la: Travestismo, Transgênero e Identidade de Gênero – Um Estudo Interdisciplinar entre Moda e Teatro.
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